Todos, todos, todos
Agora, que precisamos de todos.
Todos, todos, todos.
Partiste, de pés descalços.
E de coração desassossegado.
Por um mundo onde se erguem muros.
Onde se fecham os olhos. Onde se cerram os punhos.
Tu, que deixaste os sapatos vermelhos no lado de fora.
Que te atreveste a entrar.
Que abriste as portas da Igreja e acolheste.
Tu, que na tua mesa ousaste colocar lugar para tantos.
Alimentaste o migrante cansado.
E saciaste a sede de mulheres e homens que tinham sido relegados.
Tu, que abalaste as tradições.
E deixaste que o teu coração se enchesse de mundo.
De credos, etnias, línguas e cores.
Tu, que celebraste a diferença com um sorriso.
Foste certeza para quem nunca foi visto.
E consolo para quem nunca teve colo.
Tu, que te sentaste num trono sem vaidade.
Onde serviste. Acompanhaste. Ouviste.
Onde rezaste por terras sem balas e bombas.
Tu, que foste simplicidade, ternura e coragem.
Foste pão. Foste chão.
E foste exemplo.
Agora, que precisamos de todos.
Todos, todos, todos.
Agora, que precisamos tanto de ti.
Partiste para junto do Pai.
Deixaste-nos mais sós.
E eu rezo para que, no céu, tu possas interceder.
Francisco, cuida de nós.
Foto: nega